Painel III – A Dataficação como motor de transformação educacional

Miguel Morales

Miguel Morales

Doutor em Engenharia da Informação e do Conhecimento pela Universidade de Alcalá de Henares, é Mestre em Produção e Gestão de Projectos de e-Learning pela Universidade Carlos III de Madrid. Presentemente, é Diretor da Área de Educación Digital e Coordenador da produção de MOOCs Universidad Galileo na plataforma edX. Coordenador do Laboratório de Inteligência Artificial aplicada à educação da Universidad Galileo. Consultor em Inteligência Artificial Generativa (IAGEN) e soluções de chatbot baseadas em IA. Formador especializado em ferramentas de Inteligência Artificial Generativa de última geração. Autor dos livros “ChatGPT para profesores: 90 plantillas para crear prompts efectivos para la enseñanza“, “Unlocking the Power of Generative AI with ChatGPT for Education: 100 Effective Prompts for Teaching” e do Guia prático “Cómo utilizar ChatGPT para la investigación científica”. Director da Certificação em Innovación Educativa con Inteligencia Artificial. Autor e coordenador dos cursos “Transformando la educación con IA: ChatGPT”, “Herramientas de Inteligencia Artificial para la productividad. Más allá del ChatGPT”, “Unlocking the Power of Generative AI with ChatGPT for Higher Education” e “La importancia de la Ética en tiempos de Inteligencia Artificial” publicados na Plataforma edX. Como investigador, é especialista em temas relacionados com MOOCs, Inteligência Artificial na educação, STEAM, Microlearning e Micro-Credenciais.

Miguel Morales é editor das revistas Artificial intelligence (AI) in the complexity of the present  and future of education: research and applications e Innovations and Challenges of Higher Education Institutions in the Post-COVID-19 Era.

Perfis profissionais: (Google ScholarLinkedln)

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“El futuro de la educación: Una perspectiva desde la Inteligencia Artificial”

A apresentação “O Futuro da Educação: Uma Perspetiva da Inteligência Artificial” abordará a forma como a inteligência artificial está a revolucionar o campo da educação, apresentando uma visão holística do seu impacto no ensino e na aprendizagem. Explorará o âmbito da IA na educação, desde a personalização das experiências de aprendizagem até à automatização das tarefas administrativas. Além disso, serão partilhadas ferramentas práticas que os educadores podem utilizar para integrar eficazmente a IA nas suas salas de aula, salientando a importância de uma implementação adequada. A apresentação partilhará também a perspetiva de um professor, destacando como a IA pode ser um aliado fundamental na melhoria do processo educativo, desde que seja compreendida e aplicada corretamente.


Carlos Santos

Carlos Santos

Carlos Santos é Professor Auxiliar da Universidade de Aveiro, com doutoramento em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais, mestrado em Engenharia Eletrónica e de Telecomunicações e licenciatura em Engenharia Eletrónica e de Telecomunicações. Atualmente é Diretor do Mestrado em Comunicação e Tecnologias Web, vice-coordenador da unidade de investigação DigiMedia e membro da comissão científica do Programa Doutoral em Multimédia na Educação. Desde 2009, é o investigador responsável pelo projeto de I&D ‘Campus by Fundação Altice’ (https://campus.altice.pt), uma plataforma tecnológica que tem servido de base à investigação de novas abordagens à utilização das TEL em contextos formais de educação. Os seus principais interesses de investigação relacionam-se com a aprendizagem melhorada pela tecnologia, comunidades de prática, gamificação e mentoria entre pares.

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Dataficação no Ensino Superior: Reflexões sobre Ética, Impacto e Transformação Educacional

Em 2021, Keri Facer e Neil Selwyn, no âmbito de um relatório da UNESCO, questionaram incisivamente o impacto real das soluções tecnológicas desenvolvidas para a educação. Segundo os autores, apesar do otimismo recorrente dos investigadores e desenvolvedores, o impacto dessas tecnologias tem sido quase nulo.

No entanto, a crescente adoção de estratégias de dataficação – o uso massivo de dados para informar decisões e práticas – aparentemente apresenta um potencial transformador, mas também traz desafios significativos. Diferentemente de tecnologias exploradas no passado, a dataficação levanta preocupações éticas, especialmente no que toca à privacidade de estudantes, docentes e demais intervenientes nas instituições de ensino.

Assim, é crucial questionar os benefícios reais que esses sistemas baseados em dados podem oferecer ao ensino superior. Serão eles capazes de promover uma transformação educativa significativa? Ou corremos o risco de repetir ciclos de otimismo exagerado, negligenciando os riscos associados à recolha e uso massivo de dados pessoais?

Para enriquecer este debate, é essencial revisitar exemplos históricos em que a recolha de dados pessoais teve consequências negativas, particularmente quando os dados foram utilizados de formas não previstas. Tais episódios sublinham a importância de adotar uma abordagem ética e transparente na implementação de soluções tecnológicas.

Por fim, ao considerar o impacto da dataficação, é fundamental refletir sobre um aspeto menos óbvio, mas igualmente importante: como é que estas práticas podem influenciar o sentimento de pertença de estudantes e docentes às suas instituições? Essas tecnologias podem, de facto, fortalecer esta ligação ou corre-se o risco de a enfraquecer?

Este tema desafia-nos a repensar a integração tecnológica da dataficação no ensino superior, com um olhar crítico e equilibrado sobre os seus potenciais benefícios e implicações éticas.


Henrique Mamede

Henrique São Mamede

Henrique S. Mamede é professor associado com agregação no Departamento de Ciências e Tecnologia da Universidade Aberta. É investigador integrado no INESC TEC, na área de Information Systems and Applied Computing. É membro da coordenação do Programa Doutoral em Ciência e Tecnologia Web e diretor do Mestrado em Informação e Sistemas Empresariais. Tem agregação em Ciência e Tecnologia Web, doutoramento em Sistemas e Tecnologias de Informação, mestrado em Informática e licenciatura em Engenharia Informática. Tem mais de 100 artigos científicos publicados. Acumula a experiência de 30 anos de ensino superior com cargos exercidos na administração e direção de várias empresas, nacionais e multinacionais, de vários setores de atividade.

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Datificação e Inteligência Artificial Generativa: Transformando a Educação

A apresentação explora como a integração de datificação e inteligência artificial generativa (IAG) está remodelando os processos educativos. Ela destaca que a datificação, ao transformar interações e dados educacionais em informações mensuráveis, oferece insights valiosos que permitem personalizar o aprendizado e tomar decisões baseadas em evidências.

A IAG complementa essa transformação, proporcionando ferramentas para a criação automatizada de conteúdos, feedback em tempo real e personalização das experiências educacionais, alinhando-se às necessidades específicas de cada aluno. Entre os benefícios apontados estão a melhoria do engajamento, a acessibilidade em ambientes com recursos limitados e o suporte contínuo aos educadores.

Por outro lado, a apresentação enfatiza desafios éticos e práticos, como a proteção de dados dos alunos, a explicabilidade das decisões da IA, a mitigação de vieses nos algoritmos e os riscos de desumanização dos processos educativos. Ressalta-se a importância de equilibrar inovação tecnológica com a preservação da interação humana e da autonomia dos estudantes.

A apresentação conclui com diretrizes para a implementação responsável, que incluem a transparência no uso de dados, a governança participativa e o acesso equitativo à tecnologia. Esses fatores são essenciais para assegurar que as ferramentas digitais na educação promovam uma transformação inclusiva, ética e centrada no aluno, alinhando avanços tecnológicos com os valores fundamentais da educação.

Num mundo em perturbação, a multiplicação dos modos de conhecimento, a multiplicação de modos de aprender, a pluralidade de cada ser são valores onde a dataficação deve encontrar o seu lugar sem reduzir o mundo a um sonho de certezas, sem empobrecer o mundo e os seres, podendo iluminar, sem dominar, estratégias importantes nos contextos da educação.

 


Financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., no âmbito dos projetos, UIDB/04372/2020 e UIDP/04372/2020


INOV3P e PRR

O Politécnico de Santarém e a Universidade Aberta integram o consórcio INOV3P – Centro de Excelência de Inovação Pedagógica (Pedagogia, Projeto e Promoção), liderado pela Universidade de Coimbra e financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)